quarta-feira, 11 de julho de 2012

Meu Livro Preferido





   Já li muito, muito mesmo. Houve um tempo em que eu classificava o quanto eu lia pelo número de livros que eu lia ao mesmo tempo - no ápice da nóia 10, 12 - e quando achava algo muito bom, parava de ler, guardando eles, os melhores, para o fim. Depois, o critério passou a ser o número de paginas que eu lia por dia: minha meta eram 50 páginas, mas quando o livro é realmente fantástico e não tenho mais nada para enrolar, só largo quando termino, e lá estamos nós, às 5 da manhã, pescoço doendo, mãos formigando... 
   Comecei a ler muito tarde, acho que veio daí essa minha obsessão, vontade de tirar o atraso. E, por Deus, eu tirei. Meu primeiro livro foi Moby Dick, do Herman Melville. Peguei ele lá pelos meus dez anos e depois de uma dezena de tentativas frustradas só acabei cinco anos depois. Tudo culpa do maldito cérebro dda, pois o tratamento não foi o mais correto no inicio,mas Deus, o mundo ficou colorido de uma hora para outra graças a ele, e depois que consegui terminar meu primeiro livro nunca mais parei. Leitura é antes de tudo respiração, sincronia, quase meditação, e através do aumento da concentração nos “pagi-transportamos”. Virou compulsão, mania, ir para o colégio para ler, para a faculdade...para o trabalho.
   Tudo podia ser perfeição no paraíso, mas nunca é: odeio estudar, coloque algum material didático na minha frente que o sono vem, e vem a galope. Admito, não me orgulho disso, mas sim, no começo li Paulo Coelho, na verdade devorei Paulo Coelho, li tudo, afinal não existe muito material para servir de ponto de referência ou comparação quando se é principiante e a gente acha aquilo demais. Com o tempo se vê que a maioria dos livros são cópias de alguma outra estória, lenda ou conto e o cara descobre o pior, que no resumo geral todas elas são iguais.
   Depois de algumas dúzias de livros fica complicado definir qual é o melhor, depois de algumas centenas você começa a tentar achar o melhor pelo autor, pelo conjunto da obra, não mais pelo título. Depois de várias centenas você volta ao inicio de tudo e descobre que sim, é possível achar um único e melhor livro entre todos. O problema é que ele muda de ano pra ano, de humor para humor dependendo muito da fase na qual você está. 
    O mais maluco de tudo é que ler é como uma droga. O autor é um traficante e como faz você experimentar outras drogas (livros) que ele queira que você experimente, muitas vezes diretamente, outras vezes transversalmente: dificilmente eu deixo passar alguma indicação, mesmo as indiretas, de algum bom autor. Isso forma uma corrente mágica, uma linha imaginária de pontos que vão sendo interligados de livro a livro e esta trilha leva até você, até o que você se tornou.
   Assim, descobri que a “gente não escolhe o livro, o livro escolhe a gente” é uma verdade, que apesar de tão subjetiva, nunca foi tão concreta. Linhas do destino são trançadas e sugestões subliminares são transferidas: daqui a pouco se está lendo Mario Puzo, você adora seu protagonista que é aficionado por um livro(Irmãos Karamazov) dentro da estória e, quando você se dá por conta, tem um Dostoievski no seu colo e você não tem a mínima ideia consciente de como ele foi parar ali, puro mistério.
   Em seguida você quer fazer a coisa certa, pois não basta ler alguns clássicos é preciso ler todos. Você odeia, o século é outro, as palavras são outras, seu gênero literário é outro todo esse preconceito dura apenas algumas páginas, porque Montaigne, Thoreau, Dickens, Homero e Shakespeare e uma penca mais simplesmente estão certos, e conseguiram transformar situações em lições, emoções em palavras e o mais poderoso de tudo: palavras de volta em emoções

domingo, 15 de abril de 2012

Lá e de Volta Outra Vez


A dor puxa-nos para dentro de nos mesmos, a introspecção se existente fica latente, pois o mundo exterior passa a importar cada vez  menos, já que o interior ocupa grande parte de nosso pensamento racional. Aquele velho e não tão amigo “espeto atravessado quadril"  é um egoísta insaciável, mas as vezes isso nos traz novas experiências, o cérebro humano é algo assombroso e mesmo presos em nossos próprios corpos temos a capacidade de dispersar-se.
Muitos filmes e ate mesmo livros já foram escritos sobre o assunto:  as viagens no tempo são matérias muito polemicas, pois mesmo que a física quântica diga que é possível isso, há uma grande contradição com a teoria da relatividade geral, é o fenômeno chamado emaranhamento quântico. Basicamente, tal conceito diz que todas as partículas possuem pares, e o que acontece com uma delas afeta seu par instantaneamente, independente da distância a qual elas se encontram separadas uma da outra (ou seja mais rápido que a velocidade da luz o que abre uma porta para as viagens no tempo). Isso vai de encontro com a teoria da relatividade, que afirma que nenhum tipo de informação pode ser transmitido mais rápido que a velocidade da luz, e o emaranhamento quântico implica em transmissão instantânea de informação, resumindo de forma bruta o que quero dizer é que: o espaço e o tempo são feitos da mesma matéria e para se viajar no espaço/tempo é necessário se ir mais rápido que ele mesmo e que  a luz  que nele se reflete o que a teoria geral da relatividade não abrange e não permite.
Assim sem me evadir em subterfúgios técnicos e científicos eu criei minha própria unificação da mecânica quântica e relatividade geral, minha própria teoria do tudo, e ela chama-se: meu pensamento! Sim, todos temos essa capacidade, esse poder, obvio que muita gente não percebe ou não se atem a esse fato, mas principalmente quando estamos diante de um situação ímpar, ou sob grande estress, principalmente a aflição, nos faz parar e viver o pré-momento de forma diferente, e é ai que eu crio check points! Me permito absorver toda a realidade ao meu redor, cada luz, textura, circunstancia em fim, fotografo tudo e guardo em um cantinho de minha mente, todas as perguntas que anseio por respostas, todos os medos que maquino, são arquivados, encaixotados assim sei que posso voltar para aquele instante sempre que eu quiser.
Qual a velocidade de um pensamento? Dentro de nossa imaginação podemos ir e voltar ao passado muitas ves em um mesmo segundo, e vivendo esse passado podemos nos deslocar novamente para o futuro no mesmo instante. Claro que você deve estar se perguntando o porquê de toda essa baboseira, eu te respondo, porque hoje estou vivendo um desses momentos de absorção, cada instante cada momento eu estou fotografando, assim, depois da cirurgia e de todo o processo de recuperação sabe-se lá daqui a quanto tempo eu posso voltar para este ultimo check point e ter tudo que ansiei por respostas, todas as aflições abrandadas , ter o poder de ir e voltar e ter tudo aquilo de ruim que vivi como se fosse apenas uma vaga lembrança, tão-somente uma viagem no tempo.

Sem mais, encontro vcs do outro lado.

quinta-feira, 1 de março de 2012

O mito de Sísifo


Quando não se pode ser mais você mesmo, por motivos externos a sua vontade, como pela dor, como por exemplo aquela, que é primeira coisa que você sente quando acorda, a ultima antes de dormir e em alguns casos você mesmo sonha com ela, como um espeto atravessado em seu quadril, você procura artifícios, distrações mesmo refúgios, mas o “crônica” em seu titulo não é em vão. Me escondo de mim mesmo sempre que posso, nos livros ,sempre que encontro novas paginas e hoje, paginas cada vez mais raras, e mais distantes de mim, ou no primeiro programa pseudocultural que passa na televisão, alguns requisitos me permito, supostamente estar aprendendo alguma coisa, seja como sobreviver na Siberia ou como fazer kibe... crú.

A algum tempo conseguia fugir de minha própria percepção escrevendo, mas no entanto tenho sentado menos e menos para escrever, claro que quem me conhece sabe que me sentar, é uma figura de linguagem, propriamente dito não me sento nunca, ou nunca que posso pois escrevo deitado, na verdade, faço tudo deitado, cortesia dos parafusos que carrego em minha “super” coluna, que por sinal me deu o desprazer de quebrar, sim hoje em dia não tenho mais 6 parafusos na coluna, tenho 5 e ½ porque um maldito esta quebrado.

Eu poderia falar de probabilidades, afinal já fui a Las Vegas jogar poker, fiz daytrade em ações e opções na bolsa, sei do que falo quando digo: quantas são as chances de alguém com 25 anos ter problemas de coluna, quantas são, destes problemas serem tão sérios de se ter que operar, ou quantas são de a maldita operação não dar certo e se ter que viver anos com dores crônicas, e agora o mais recente, o “creme de la creme” ,ter um dos parafusos de titânio quebrado e pinçando os nervos do plexo lombar?

Alguem poderia logo supor que escrevo isso por ter pena de mim mesmo, estar em um momento de fragilidade e eu diria que esta absoluta e incondicionalmente certo, não sei o que fiz ou a quem fiz para ter que viver e suportar ou mesmo merecer tudo isso, ter como companheiro inseparável uma maleta de remédios não era exatamente o que sonhei em minha meninice para meus dias de hoje. Adquirir conhecimentos farmacológicos de nível de pós-graduação tão pouco era uma informação que almejava ter, não vou nem falar sobre anatomia da coluna humana...

Mas hoje tudo mudou, a vaga noção de um problema se desfaz diante de algo concreto e imutável, a porra esta quebrada e não sei como irei enfrentar uma nova operação, não sei se vou conseguir. Os médicos que consultei ate agora são todos unânimes, em tirar todo sistema dinâmico que carrego na coluna com parafusos moveis e colocar pinos tradicionais que transformariam minha coluna que algo fixo, imóvel . Não fosse a duvida que paira sobre se isso realmente funcionaria, vem o temor da lembrança do pós operatório, da dor excruciante dos primeiros dias, da maldita comida do hospital, do entorpecimento da morfina das primeiras semanas, da falhas e brechas da memoria de todo o período e da solidão das horas, dias e semanas que irão virar meses, saber que o corte irá demorar uns 6,7 ou 8 meses parar cicatrizar, se não mais... Dizem que os problemas sérios e como os superamos são divididos em 5 partes: Negação; Raiva; Barganha; Depressão e Aceitação, não sei exatamente onde me encontro, mas troco de lugar com qualquer um que queira, na hora! Só sei que, do meio pro fim, vou pular direto para a aceitação afinal a depressão é estado permanente.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Sala de Espera da Vida



Você já teve algo que odiava muito ou mesmo que temia fazer como uma prova ou algo do gênero, depois de se empenhar bastante você faz , resolve o problema sente o alivio chega em casa fecha os olhos, acorda e percebe que tudo não passou de um sonho?
As vezes tenho umas idéias malucas (só as vezes :) quase como uma sensação, que estou observando a vida, como se tudo não fosse mais que invenções, a idéia é de que eu estou a beira da morte, e por mais que pareça não é um pensamento depressivo, pelo menos não mais que a maioria dos que tenho. Isso é um espeto no cérebro, aquela sensação que algo não esta certo. Estou olhando minha vida de trás para frente como se tudo não passasse de memórias, como se tudo que vejo, ouço e falo não passasse de lembranças...
Fiquei sabendo que estudos mostraram que um corpo depois de morto continua com seu cérebro vivo por alguns minutos depois que tudo se apaga. Alguns minutos...
Um segundo nos sonhos é algo que não podemos quantificar em tempo, pois canso de acordar e olhar no relógio 7:10 ai volto a dormir e tenho sonhos complexos, que parecem durar horas, passo por diversas experiências ai acordo e são: 7:15.
Dizem que os sonhos são reais em quanto duram, já da vida tenho certeza que não podemos dizer o mesmo.
O que estou tentando dizer é: Como posso saber que não estou naqueles minutos finais que as sinopses cerebrais continuam funcionando,se comunicando, aqueles segundos de um cérebro vivo em um corpo morto? Posso, podemos muito bem estar olhando para trás, mas no entanto se estou a beira da morte e sou apenas sonhos de um cérebro moribundo o que você leitor seria nisso tudo? Será que você só existe na minha mente ou eu que sou uma criação sua? Ou sou tão real quanto qualquer outra coisa.
A ciência nos conta que existem dois estados de consciência e que eles são opostos mas não se opõem : Na vida desperta, o sistema nervoso bloqueia a veemência das lembranças e isso é em prol da evolução, da lucidez , afinal seria contraproducente se um predador fosse confundido com a lembrança de outro e vice-versa, pois a lógica nos diria que no caso contrario fugiríamos quando tivéssemos apenas um pensamento amedrontador, as alucinações seriam freqüentes e não poderíamos distingui-las da realidade
Durante o sono algo com o mesmo propósito acontece, já que nossos neurônios serotonínicos impedem nossos delírios, quando dormimos, são eles quem são inibidos no sono REM, e isso torna nossos sonhos reais porem também bloqueiam a concorrência de outras percepções e isso nos faz confundir os sonhos com a realidade, em quanto estamos neste estado. Aqui entramos naquele velho papo do que é real: Aquilo que podemos sentir, aquilo que podemos cheirar, não há diferença entre a percepção da realidade ou da ação sonhada pois ambas são descargas elétricas , sinapses cerebrais...Só sabemos que era um sonho depois que acordamos e se não acordamos...
O pior que podemos empreender é crermos que estamos realmente vivos quando na verdade estamos é dormindo na sala de espera da vida. A chave é conseguirmos juntar as capacidades racionais da vida “desperta” com as ilimitadas possibilidades dos nossos sonhos, quem conseguir fazer isso pode literalmente fazer qualquer coisa.

Out where the dreams are high
Out here, the wind don't blow
Out here, the good girls die
And the sky won't snow
Out here, the birds don't sing
Out here, the fields don't grow
Out here, the bell don't ring
Out here, the bell don't ring
Out here, the good girls die…

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Odeio Muito Tudo Isso



Odeio muito acordar de manhã, sou biologicamente uma pessoa noturna, um bicho da noite. Não é que eu acorde de mal humor, muito pelo contrario, o problema não é absolutamente em que estado eu acordo, eu simplesmente não acordo.
Odeio muito atraso, odeio esperar, não sei o que fizeram na minha cabeça quando eu era criança, mas vejo a vida como a agenda de um medico com horário definidos pra tudo, claro que não consigo fazer nada na hora que eu tinha planejado, mas, alguém me responda se é só comigo que isso acontece, meus dias não duram mais 24h estão durando no máximo umas 18h.
Odeio muito ter um prazo, seja de trabalho, seja de estudo. Ter uma data e hora certas para entregar alguma coisa me causa desconforto físico, sofro muito ate entregar ou desistir de fazer. Odeio não conseguir sair à francesa, odeio ter que me despedir, avisar que estou indo, dar tchau é uma convenção social que eu aboliria.
Odeio muito ver Tv, sim, rede Globo, Record, SBT. Bin Laden poderia vir treinar suas bombas nestas emissoras. Mas não confundam ver televisão com aprender com ela, adoro programas que tenham algum fundo pratico: History Channel, Discovery, National Geografic, Biografy Channel consomem belas horas da minha vida. Ah quase esqueço, odeio intervalo.
Odeio muito quando acaba a bateria, seja do celular bem quando precisamos receber uma ligação, do notebook quando precisamos receber um mail, do ipod bem quando vamos caminhar. Odeio não ter uma conexão com a internet, odeio quando o maldito vivo zap resolve entrar e cair por horas.
Odeio muito Axé, Sertanojo, pagode, Justin Bieber, em fim musica chata me mata acorde por acorde, pouquinho por pouquinho. Hoje em dia quando não há alternativa e tenho que passar por um show sertanejo (coisa inevitável ultimamente) naquelas duas horas de suplicio me concentro e consigo abstrair, ir para um lugar com a grama verde, céu azul e ouço o barulho do mar...
Odeio muito Filmes de terror, filmes sem o mínimo de compromisso com a realidade, odeio cabeças cortadas, maquinas com timer para furar olhos, jogos, brincadeiras, compromissos e encontros mortais , não fazem meu gênero.
Odeio muito saber que nunca terei tudo que quero, tudo que almejo, odeio mais ainda não ter a ilusão de que um dia poderei ter. Odeio não ter um livro por perto, mesmo que seja apenas para eu ver que ele esta ali, me sinto nu sem algo para ler por perto. Odeio o que tenho feito com todos meus livros desde a ultima mudança, estão lá amontoados em um canto. Trocados por um display de tinta digital.
Odeio muito quando descubro algo novo e fico fissurado naquilo, paintball, mergulho, tiro, pôquer, bolsa de valores, em fim entro de cabeça nas coisas e alguns meses depois são tralhas amontoadas no meu quartinho da bagunça.(quartão já)
Odeio muito ficar parado, estagnado. Devo ter algum sangue cigano, pois estar em movimento para mim e como sentir a vida pulsando em minhas veias. Odeio pardais, lombadas eletrônicas e radares moveis, odeio a policia rodoviária federal e estadual sem distinção. ODEIO multas.
Odeio muito a falta de confiança e por isso me odeio, pois não consigo confiar em ninguém. Tenho amigos que posso confiar, mas não é disso que estou falando, meus amigos são irmãos e irmãos não contam. Minha confiança vacila quando o assunto é sentimento, muito provavelmente porque não conheci ate hoje alguém que eu pudesse confiar. (Mas ainda não desisti)
Odeio muito tentar escrever e não conseguir, mesmo querendo e sentindo vontade, me propondo, as coisas não acontecem. Odeio quando escrevo e não consigo expressar o que eu queria. Odeio quando não entendem minha ironia, meu sarcasmo. Odeio tentar falar algo e não conseguir. Odeio falar com pessoas estranhas, odeio conversar besteiras. Odeio o mal hálito, odeio quando falam e cospem em mim.
Odeio muito me sentir sujo, sabe aquela sensação de dente não escovado, odeio me sentir excluído, odeio me sentir mal vestido, odeio comprar roupas, odeio trocar objetos, odeio marcar horário.
Odeio muito lavar louça, ojeriza seria. Cozinho, seco, guardo e arrumo mas lavar louça não faço isso nem sob tortura (nojo). Odeio não ter os ingredientes certos para cozinhar, a panela correta os utensílios necessários, a faca apropriada. Cozinhar para mim é tudo menos uma coisa simplória e banal.
Odeio muito não ter fome, não ter remédios para todos os fins por perto, minha necessaire abastecida. Odeio estar longe de hospitais, médicos, pronto socorro, principalmente de farmácias. Odeio não ter todo tipo de equipamento na caminhonete.
Odeio muito ter que sentar ate porque é muito difícil encontrar lugares que sejam confortáveis o suficiente e não me doam as costas. Odeio ter estes parafusos na coluna e saber que nunca mais poderei fazer tudo que quero. Odeio não poder deitar de tempos em tempos durante o dia.
Odeio muito minha incapacidade de influenciar as pessoas que gostaria, odeio minha esperança idiota de tentar mudar a essência de algumas pessoas, minha completa incompetência em mostrar que a forma das coisas que a gente faz, e as nossas atitudes, definem o resto de nossas vidas e as vezes não nos permitem nunca mais voltar atrás.
Odeio muito sentir saudades, mais ainda, odeio sentir saudades de coisas e de pessoas que eu sequer conheço. Odeio a distancia, esta que se instalou entre as pessoas que eu quero perto de mim: Caxias, Pato Branco, Foz, Porto Alegre, Chapeco, Balneário Camboriú e Ijuí preciso mandar uma carta para meu senador providenciar um trem bala entre essas cidades.( vc lembra em quem vc votou?)
Odeio muito burrice, a estupidez do povo me assombra, a mais de dois mil anos usaram a politica do pão e circo para entreter as massas e ainda hoje continuam usando e todo mundo acha que esta tudo bem. Odeio iniquidade, odeio a falta de tato, odeio me sentir envergonhado por coisas que eu sequer fiz.
Gostaria de acabar dizendo que odeio odiar, mas a verdade é que eu sei que na vida temos apenas duas escolhas amar ou odiar, assim o ditado bíblico: “seja quente ou seja frio, pois se for morno te vomitarei de minha boca” me define, então esta estória de não ter sentimento algum sobre algo, de ser neutro, para mim não serve, as coisas que amo me fazem tanto quanto as coisas que odeio, o que eu odeio me define para bem ou para o mal, ter vergonha de odiar é ser no mínimo um hipócrita mentiroso e eu odeio isso.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Solidão ou Não?


Muitas pessoas, muitas coisas: pai, mãe, avo, avó , papagaio, cachorro e sem falar nos amigos e nos “amigos” claro, outros conhecidos, alguns nem tão conhecidos assim. Nossa vida pode ser cheia de movimento e de agitação, mas até onde isso vai? Ate onde podemos colocar a “peneira na frente do sol ”? Eu digo que durante muito tempo! Mas uma hora a casa cai. Sozinhos temos que enfrentar a realidade, “o carinha” que mora dentro da cabeça de cada um é um homem (mulher) solitário e nada pode mudar isso. Por mais que tentemos dividir a vida com alguém essa outra pessoa realmente pode chegar muito próximo, mas nada além disso, assim, por mais ou menos tentativas que façamos e motivos que tivermos para distrações, no final vamos para o interior de nossas mentes sós, seja antes de dormir, seja no meio da noite ou mesmo na conturbada manhã vacilante.

Digo isso sem receio ou repreensão, apenas constatando a realidade como ela é, aceitando a solidão inerente ao homem. Alguns discordarão outros nem irão terminar de ler porem digo: concorda comigo o prisioneiro em sua cela escura, lembrando que no planejamento e na própria execução as pessoas mais próximas juravam tentar ou morrer juntos enriquecendo , porem nunca lembraram de jurar pagar juntos pelos pecados da sociedade, exemplos não faltam: lá no fundo do oceano o mergulhador pode reclamar cia? No profundo escuro a água preenche o espaço transformando seu pensamento em voz, uma grito no silencio maciço das profundezas.

Mas não se assuste estimado leitor, digo isso, pois de todos os ângulos que pude ver até hoje (meu único e egoísta ponto de vista :) vejo solitariamente um mundo solitário ao meu redor. Existem dias que o grupo se reúne, a diversão impera, ate mesmo quando uma cara metade se faz presente, por mais que ela perdure a verdade absoluta é que um determinado momento o grupo ira se dispersar, uma dia a diversão irá acabar, a segunda-feira irá chegar e mesmo em outro dia ela irá voltar para sua vida cotidiana e é exatamente ali no silencio do quarto, que alguns tentam disfarçar, ligando o som do radio, quem sabe a tv mas é imutável, e o momento acontece, encontramo-nos sós! E apenas com nossa cabeça encostada no travesseiro e ela, somente ela, nossa (as vezes nem tanto) estimada mente como cia.

A interrogação que deve-se fazer é: precisamos de mais alguém, ou estamos mais que bem acompanhados???

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Viajo


Às vezes faço isso de carro, muitos quilômetros por semana a trabalho, a lazer, e por mais que eu reclame, no fundo eu adoro. Como é bom estar em movimento, fechado como em uma cápsula , saber que o lapso de tempo em que estamos a caminho de algum lugar é um momento inteiramente dedicado ao destino. Outras vezes faço isso por horas a fio sem sair de casa: milhares de milhas por eras, séculos, batalhas, amores impossíveis e agentes secretos, e mesmo quando falta luz eu saio em peregrinação, tendo já terminado livros à luz de velas. Uma de minhas piores viagens foi cursar a faculdade de direito: inútil como a bela teoria do curso que se contrasta com a pérfida prática. Já viajei usando drogas, sim, e lamento por isso - viajava horrores tentando fugir de quem eu era e nunca chegando a lugar algum. Já houve percursos que fiz até autódromos em todo o sul e sudeste do Brasil, e na pista viajava em círculos, repetindo sempre o mesmo trajeto; lá o destino era vencer o tempo. Já viajei a outra cidade e nunca mais voltei, fui por opção e não voltei até hoje por pura falta dela- não queriam me deixar ir agora não me deixam voltar. Já viajei ao fundo do poço; você toca o fundo quando consegue controlar e evitar racionalmente o que te machuca, mas teus sonhos te traem e se transformam em pesadelos. Sofrer no inconsciente de teu cérebro e não ter fuga ou controle algum, esse é o pior dos destinos. Já viajei achando que podia mudar alguém, uma jornada de repetições e explicações sobre atos e suas repercussões no futuro que me levou ao destino do choque de ver que ninguém deixa de ser o que realmente é. Já viajei a Las Vegas, uma viagem dentro de outra, pois achava que meu pôquer era suficiente para conquistar o mundo, e, para começar, fui logo ao topo. Já viajei sozinho aonde os únicos destinos eram a solidão e o silêncio da minha cabeça. Já viajei longas distâncias unicamente para encontrar amigos, tardes à beira do lago com música eletrônica e muitas, muitas risadas. Já viajei direto até o coração do homem e sua origem: tardes e mais tardes dedicadas ao curso de História, quando você descobre que o aluno deplorável para as leis se torna aquele que é o primeiro a chegar na sala e o último a sair, tentando ainda dar carona para o professor para continuar a argumentação. Já viajei tentando ser o que os outros esperavam de mim, tentando ser o que eu não era, uma jornada de decepções. Já viajei no colégio quando era novinho, achando que a amizade que eu tinha para dar era a mesma que eu iria receber. Já viajei achando que eu era especial, achando que um destino grande e maravilhoso me aguardava, tudo isso para depois descobrir que era apenas um sintoma DDA: se sentir diferente justamente por ser.Já viajei achando que meu pai me odiava, pensando que ele era o meu pior inimigo. Já viajei sem viajar, mantendo paixonites a longas distâncias e tento medo de confrontar a realidade e perder a fuga que um ideal platônico te dá, prorrogando sempre a viagem de encontro. Já viajei de várias formas e maneiras, e sei que a vida é justamente isso: uma longa viagem cheia de paradas, de incursões e excursões, e que não importa a maneira que olhamos, estamos sempre indo para algum lugar, seja de cidade em cidade, de país a país, de planeta a planeta, e que até mesmo nossa galáxia viaja pelo universo e vai em direção a galáxia vizinha, mas, por mais assustador que possa parecer, tudo tem um destino, um objetivo, um propósito, e nosso destino não é chegar, é viajar!Como o objetivo da vida que não é a morte, e sim o trajeto que fazemos durante toda a vida. O valor de uma escalada não esta no pico e sim em chegar ate ele. Estar em movimento é estar vivo.

p.s.: e se puder ir de primeira classe, não hesite.

p.p.s: nunca mais joguei pôquer na vida.
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