terça-feira, 13 de abril de 2010

Segundo Kierke­gaard


Kierkegaard escreveu um livro inteiro sobre O conceito de angústia, uma das mais importantes obras de psicologia pré-freudianas. Nela Kierkegaard distingue dois tipos diferentes de medo ou angústia. Primeiro, o medo que sentimos quando somos ameaçados por algo exterior (por exemplo, um leão que ruge). O segundo tipo de medo resulta de uma experiência interior — a confrontação com as ilimi­tadas possibilidades de nossa própria liberdade. Quando nos tornamos conscientes dessa liberdade, percebemos sua enormidade e sua irracionalidade. (Como assinala Kierkegaard, é impossível provar que temos liberdade, porque essa prova envolveria a necessidade lógica, que é o oposto da liberdade.) A liberdade nada tem a ver com a filosofia. É uma questão psicológica, que depende de nossa atitude ou estado mental. Nosso estado mental nos faz compreender nossa liberdade. E percebemos nossa liberdade em toda a sua extensão quando experimen­tamos o estado mental chamado medo. Nesse senti­do, o indivíduo não existe em absoluto como “ser”, existe apenas num estado de constante “vir-a-ser”. O medo que isso provoca é o terror que mora no coração de toda normalidade. Percebê-lo plenamen­te mergulha a pessoa na loucura. Segundo Kierke­gaard, a única maneira de escapar disso é dar o salto igualmente irracional da fé.

Um comentário:

Tortuositar disse...

Tem um livro que se chama "A Negação da Morte" do antropólogo Ernest Becker que ganhou até o prêmio Pulitzer em 1974 pelo livro. Ali ele parte da questão da angústia proposta por Kierkegaard e vai pela psicologia, psicanálise e religião, pensando através do heroísmo. É um livro interessantíssimo e o qual influenciou muito a escritora Hilda Hilst, e meio que as perguntas que esse livro colocou para ela, ela acabou escrevendo dois romances, os quais estou pesquisando ali no mestrado. Mas acho que talvez o livro esse te traria novas questões.
um abraço

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